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Morfologia
A esta primeira divisão feita com base no critério morfo-semântico se aplica o critério sintático, que Mattoso Camara trata como "critério funcional", exatamente porque este critério olha como a palavra funciona numa sentença da língua (seguindo Bloomfield ). Este segundo critério subdivide as classes dos nomes e pronomes segundo "sua função na comunicação lingüística": temos aqui a função de substantivo (que é a de ser o centro de uma expressão, isto é, o seu "núcleo" segundo a GT) e a função de adjetivo (que modifica este "centro" nominal) ou a função de advérbio (que modifica o "centro" verbal).
Mattoso Camara adota a nomenclatura de Bally (1950, apud Camara Jr. 1970) para falar dessas duas funções como a função de "termo determinado" (a do núcleo) e a de "termo determinante" (a de modificador do núcleo). Um exemplo do próprio Mattoso certamente vai ajudar você a entender melhor o que tudo isso quer dizer – só é preciso antes dizer que o português tem grande preferência pela ordem termo determinado-termo determinante:

(31) a. O marinheiro brasileiro
b. O brasileiro marinheiro

Em (31a), o termo determinado é marinheiro e o termo determinante é brasileiro; portanto, uma paráfrase dessa expressão nominal seria "o marinheiro que é brasileiro". Assim, em (31a) quem tem a função de substantivo é marinheiro e quem tem a função de adjetivo é brasileiro. Por outro lado, em (31b) temos como termo determinado brasileiro e como termo determinante marinheiro e agora uma boa paráfrase da expressão nominal é "o brasileiro que é marinheiro"; portanto, aqui, quem tem a função de substantivo é brasileiro e quem está com a função de adjetivo é marinheiro.