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Morfologia
É claro que já existiu quem já tenha tentado fazer isso para o português. Trata-se de um grande lingüista brasileiro chamado Joaquim Mattoso Camara Jr .
Para Camara Jr (1970), o problema da "classificação dos vocábulos formais" (isto é, o problema das classes de palavras ) deve ser abordado levando-se em conta simultaneamente os três critérios acima elencados – o semântico, o sintático e o morfológico. A maneira de aplicar estes critérios é que é especial. Como bom estruturalista, Mattoso Camara pensa que não é possível falar do sentido sem falar da forma e, por isso, para ele o critério semântico e o critério "mórfico" ("morfológico" para nós) devem se unir em um só e formar a base da classificação, definindo as três maiores classes de palavras: Nomes, Verbos e Pronomes. Semanticamente, os nomes representam "coisas", os verbos representam "processos" e os pronomes limitam-se "a mostrar o ser no espaço, visto esse espaço em português em função do falante" (p. 78). Sob o ponto de vista da forma, estas três classes também se distinguem: os nomes podem apresentar gênero e plural em -s, mas os verbos só podem expressar, por um lado, tempo e modo e, por outro, número e pessoa. Os pronomes se diferenciam morficamente seja dos nomes seja dos verbos, porque como os nomes podem apresentar gênero e número, mas também como os verbos podem expressar a noção de pessoa, além de poderem apresentar diferenças de caso morfológico, que só eles podem apresentar em português atualmente (a diferença que se observa entre eu, me e mim por exemplo : eu é sempre o sujeito da sentença; me é sempre o objeto do verbo e mim só pode aparecer com uma preposição).