O nosso marciano não é exatamente um teórico da morfologia e portanto essas discussões sobre qual é a melhor definição de palavra ou de morfema não são muito interessantes para ele. Ele quer mesmo é aprender a falar uma língua humana, quer entender o que os humanos estão falando por meio de sons ou sinais. E ele está muito preocupado agora porque ele notou uma coisa muito engraçada: ele está observando que os morfemas (e, por conseguinte, as palavras) nem sempre têm a mesma forma, de modo que nem sempre é possível identificar o mesmo morfema nos seus diversos contextos de uso. Vamos pegar um exemplo mais concreto do português pra você entender melhor o problema do marciano: ouvindo palavras como as de (20a) e também as de (20b) numa série de frases do português, ele conseguiu entender que in- é um morfema usado em português para negar o conteúdo da palavra que está ao lado O problema do marciano é que não é só in- que aparece aí; aparece também uma outra forma, usada nos mesmos contextos discursivos, que é bem parecida mas não é idêntica: a forma é i-, que nós podemos ver nos exemplos em (21)