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Leitura e Produção deTextos






Agora veja esse interessante exemplo relativo ao grau de informação de um texto, apresentado por Beaugrande e Dressler. (12) O mar é água

Essa afirmação é extremamente óbvia. A informação contida é tão conhecida e esperada que ninguém teria qualquer dificuldade para entender o que está sendo comunicado. O custo dessa facilidade, contudo, é o fato de o texto ficar tão pouco interessante a ponto de o receptor questionar a utilidade de continuar o ato de comunicação . No caso do texto escrito, por exemplo, ele pode resolver parar de ler. Veja, então, que tanto um grau de informação alto demais (como, por exemplo, em certos tipos de textos poéticos), quanto um grau de informação baixo demais (como, por exemplo, a frase (12) acima apresentada) podem fazer o receptor perder o seu interesse no texto e comprometer o ato de comunicação. Quando olhamos a continuação do texto em (13), porém, entendemos a razão do autor de iniciar seu texto com uma frase tão óbvia:

(13) O mar é água apenas no sentido de que a água é a principal substância presente. Na verdade, o mar é uma solução de gases e sais, além de um número enorme de organismos vivos.

O texto como um todo é bastante informativo, traz muitas novidades, com exceção da pequena parte extraída em (12). Os autores do texto utilizam essa parte conhecida, esperada, justamente porque querem romper com esse senso comum. Para isso, utilizam a expressão “apenas no sentido de que...”, que restringe o valor de verdade de “o mar é água” ao fato de “a água ser a principal substância presente”. Percebemos, então, já nessa primeira frase, que o nosso conhecimento de mundo sobre o mar é limitado e que precisamos expandi-lo. Nasce a expectativa por uma informação nova e inesperada, que se segue a partir de “Na verdade...”. Balanceando as informações conhecidas e esperadas com as desconhecidas e inesperadas, os autores são capazes de prender a atenção e o interesse dos receptores do texto e tornar a comunicação muito mais eficaz.