Mas veja também que o fator aceitação também não é o único que afeta o sucesso da comunicação! Lembre-se da seqüência ?homem morrer água sujo?, discutida em 1.2? No contexto discutido, de uma redação de vestibular feita por um aluno surdo, o examinador não teria como perguntar para os vestibulandos o que eles queriam dizer em cada frase mal construída. O acúmulo de frases mal construídas ao longo do texto aumentaria ainda mais as possibilidades de interpretação, tornando o texto muito vago ou até incompreensível. O problema da falta de coesão gramatical, então, certamente comprometeria a comunicação e traria conseqüências sérias para o candidato - a reprovação no vestibular.
Essa falta de flexibilidade na postura de aceitação do examinador universitário é imposta pela situação de uso do texto no vestibular. O contexto acadêmico, a propósito, é um dos contextos mais rigorosos no que se refere à produção coesa e coerente de textos científicos. Essa rigorosidade não é uma mera extravagância: na ciência, é muito importante que o pesquisador saiba apresentar de forma clara e explícita as suas idéias, sem deixar sentidos ambíguos, confusos e obscuros. Textos que não sejam claros e explícitos, nesse sentido, dificilmente serão bem aceitos pela comunidade científica .
Por exemplo, para conseguir uma publicação em determinadas revistas acadêmicas, além de uma redação primorosa o candidato precisa obedecer uma série de normas, tais como um dado tamanho para as margens da folha de papel, um dado tamanho e tipo de fonte, uma dada quantidade máxima ou mínima de caracteres, uma dada organização do texto, entre outros aspectos. Violações dessas regras podem acarretar a rejeição do trabalho. Quando comparamos essa situação com a de uma conversação cotidiana ou a troca de mensagens por celular, vemos que a postura de aceitação de um interlocutor frente a um texto pode variar muito de uma situação para outra.