Por exemplo, a frase “Eu estou aqui metrô já perto” não deixa claro se o meu amigo estava chegando perto do metrô; ou se ele já estava dentro do metrô, chegando perto da minha casa. Meu amigo mora muito longe da minha casa, então saber essa diferença era importante pra mim. A outra frase “Você encontrar me não demorar” também deixa dúvidas se eu deveria me apressar (não demorar) para encontrá-lo, ou se ele não ia demorar para me encontrar. Apesar desses problemas, a seqüência lingüística foi produzida por meu amigo com uma intenção clara de comunicar e foi recebida e aceita por mim como tendo algo a comunicar (o princípio da cooperação). Dessa maneira, eu iniciei um processo de negociação dos sentidos para tornar claro o que ele estava comunicando:
(10) “Vc tá no metrô perto da minha casa? Ou vc ainda não chegou no metrô? Eu preciso sair 11h pra USP. Depois de 11h, não posso encontrar vc.”
A atitude de aceitação implica, portanto, um desejo de compreender o texto, de acreditar que o produtor do texto teve uma intenção real de comunicar algo. Mesmo quando o texto tem problemas de coesão, como aconteceu com o texto do meu amigo surdo, o fator aceitação faz com que nós possamos negociar os sentidos e alcançar uma boa comunicação.