Elementos do gênero história escolar não são evocados nessa contracapa, uma vez que o(a) leitor(a) não sabe que o lugar ao qual Harry está sendo convidado a ir é a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Elementos desse gênero, entretanto, ocorrem nas contracapas dos romances seguintes da série, ao mencionar professores, aulas, treinamentos etc. Tomando todos esses aspectos em consideração, é possível dizer que a contracapa de Harry Potter e a pedra filosofal atinge o objetivo de apresentar o livro de maneira a atrair a atenção dos leitores, incentivando-os a querer comprá-lo. A descrição da história parece cativar a atenção e a curiosidade do(a) leitor(a), por meio do uso de palavras e expressões coerentemente relacionadas ao gênero híbrido do romance em si e aos elementos aparentemente convencionais de uma contracapa. Perceba que o que fizemos anteriormente, na análise da narrativa pessoal, foi um trabalho essencialmente descritivo. Há alguns anos, alguns estudiosos da linguagem, por exemplo, Beaugrande e Dressler (1981), no exterior, e Koch (1989), Koch e Travaglia (1990), seguidores seus no Brasil, referiam-se a esse tipo de estudo de textos como lingüística textual ou lingüística do texto (incluída na Figura 1.1). Entretanto, existe um consenso entre professores e pesquisadores na área do discurso, inclusive os que se ocupavam da lingüística textual citados acima, em seus trabalhos mais atuais, de que é necessário ir além da descrição – como já comentamos na Unidade I, ao mencionarmos as perspectivas críticas e não-críticas da Análise do Discurso. E, como se pode ver no mapa conceitual desta disciplina, a organização retórica é apenas um dos focos de atenção da Análise do Discurso. Nesse sentido, a análise da contracapa que também apresentamos extrapola o nível da descrição ao oferecer nuances interpretativas, em especial no que tange à hibridização contida na série dos livros de Harry Potter. Ainda assim, esse avanço não contempla a postura crítica que desenvolvemos na Unidade 3.