Em que pese a salutar diversidade na abordagem aos gêneros, concordamos com Miller (ver CARVALHO, 2007) em sua argumentação acerca da necessidade de ver os gêneros textuais como uma forma de prática social, ou seja, como uma forma de ação, ou ainda, para voltarmos aos termos utilizados em nossa pergunta, como uma forma de fazer alguma coisa com a linguagem. Assim, como vimos nas análises da narrativa pessoal e da contracapa veiculadas anteriormente, o que as pessoas fazem com esses tipos de texto é narrar fatos do passado e entreter pessoas, e incentivar a compra do livro, respectivamente. Para isso, organizam o gênero em estágios, sendo que, em cada um deles, fazem também alguma coisa, o que implica dizer que cada estágio tem uma função que, por sua vez, coopera para o sucesso da função geral do gênero. Todavia, a função dos gêneros, como já sugerimos anteriormente, não é apenas comunicativa. Há outras coisas que as pessoas fazem semioticamente, por meio da criação de significados, em diferentes gêneros. Para entendermos isso melhor, vamos entrar na Análise Crítica do Discurso. Nossa próxima Unidade enfoca, além dos conceitos, objetivos e características de que “falamos” brevemente ao final da Unidade 1, o modelo tridimensional para a Análise Crítica do Discurso proposto por Fairclough (1989, 1992), o que faremos aludindo novamente à Lingüística Sistêmico-Funcional hallidayana, a qual, como já vimos, propõe construtos a partir dos quais faz-se possível mapear relações de poder e recursos lingüísticos e, por isso, tem sido usada como uma ferramenta de análise crítica.