Assim como a família, a escola sofreu importantes influências da filosofia oralista, acarretando num prejuízo para a formação profissional do surdo. Com o objetivo de reabilitá-lo, acabou não priorizando a escolaridade, requisito fundamental para o mercado de trabalho, e não promovendo debates e projetos que considerassem o futuro profissional do surdo. Este fato é constatado quando encontramos surdos adultos que não têm documentos básicos, como carteira de identidade (R.G.), cadastro de pessoas físicas (CPF), carteira de trabalho e título eleitoral. Observa-se também a baixa escolaridade, pouca ou nenhuma formação técnica o que empobrece o currículo do trabalhador em potencial. Ao propormos uma discussão mais profunda sobre a temática do trabalho e da surdez tomaremos Klein (1999) em seu trabalho A formação do surdo trabalhador: discursos sobre a surdez, a educação e o trabalho onde afirma que as associações e clubes de surdos sempre desenvolveram ações ligadas ao mundo do trabalho. Situa o surgimento das associações de surdos no período compreendido entre 1866 a 1893. Os objetivos e realizações dessas associações compreendiam o lazer, a recreação e assistência e, de modo privilegiado, a preocupação com o trabalho. Exemplifica dizendo que a primeira associação dinamarquesa de surdos foi constituída a partir do encontro de artesãos, motivados pelo desejo de discutir a realidade de trabalho daquele momento histórico, que era marcado por mão-de-obra mal escolarizada ocorrendo, em conseqüência, uma exploração por parte das indústrias. Devido a essa realidade, as associações tiveram um papel fundamental ao abrir um espaço para discussão dos problemas dos operários, dos sindicatos, etc., propiciando treinamento para os surdos para uma qualificação melhor, bem como nas negociações na busca de conquistas legais de garantia de educação e trabalho. Conseqüentemente, os surdos puderam ascender socialmente no emprego.