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psicologia da educação de surdos
De um lado a criança deixa de balbuciar, de outro, a mãe deixa de transmitir ao filho suas suposições, de oferecer-lhe sentidos e significantes que permitem e construir suas hipóteses. Mesmo assim, o autor diz que ocorre alguma transmissão, mas na ordem do improviso, visto que as mães não dominam a língua de sinais. O mais comum é uma convivência resignada com a surdez e pouco interativa com o filho, dirigindo-lhe eventualmente um sinal, ou uma palavra, apenas quando necessário.
Essas dificuldades em relação à comunicação são discutidas por Sacks (2002) que analisa os conflitos que se estabelecem nos pais, quando, ao se depararem com a surdez do filho, percebem a sua impotência frente à diferença lingüística e a necessidade da participação da comunidade surda na formação do filho. Esta vem através do ingresso, já nos primeiros anos de vida do surdo, nas escolas especializadas e nas associações de surdos. Esse contato com a comunidade surda dá-se, então, num momento muito delicado e provoca nos pais, um sentimento de que a comunidade surda está “roubando” o seu filho.
Ao contrário disso, o autor diz que a comunidade surda é o maior recurso existente para uma criança surda, e pode ser [com a cooperação dos pais] uma força libertadora, permitindo à criança adquirir uma língua e desenvolver-se o seu próprio modo. Para isso é necessário que “(...) os pais tenham uma especial generosidade de espírito para perceberem isso – para perceberem seu filho surdo como ele é, para libertá-lo dos desejos e necessidades deles próprios e permitir-lhe desenvolver-se como um ser livre e independente – ainda que diferente...” (p.132).