Segundo Lacan (1938) a família tem um significado cultural muito importante na sociedade e para a estruturação do sujeito. É através dela que o filho nasce de modo cultural (descendência) e não somente biológico (hereditariedade). É função da família, assegurar o nascimento cultural que reconhece o filho na árvore genealógica familiar e, conseqüentemente, na comunidade em que está inserido ao lhe dar um nome próprio, nome este que contem a descendência da família (sobrenome). Também, é função da família transmitir a cultura – tradições, rituais e costumes da comunidade, e lutar pela manutenção dos mesmos. É ela que ensina o certo e o errado, colocando normas para respeitar a lei da comunidade, cabendo a ela a primeira educação e a aquisição da língua materna. Com isso, ela preside os processos fundamentais do desenvolvimento psíquico. Para os surdos filhos de pais surdos a família exerce sua função de transmissão da língua e da cultura de forma espontânea. Já para os filhos surdos de pais ouvintes a família passa por um processo particular para exercer sua função na transmissão da língua e da cultura. Mas não é somente na transmissão que a família depara-se com dificuldades. Essas são ampliadas a outras como: ter que se adaptar a um membro que ‘não fala a mesma língua’, que carrega o estigma da deficiência quebrando com o ideal do filho perfeito e que sofre o preconceito social. Abaixo estaremos discutindo algumas das dificuldades citadas.