No sentido de se compreender como ocorre o processamento de informação mental, vários modelos descritivos foram desenvolvidos no campo dos Estudos da Tradução de línguas orais. Por razões de tempo e de escopo deste material, destaco o autor Daniel Gile e o seu Modelo dos Esforços, desenvolvido no início da década de 80 e que, ao contrário dos estudos anteriores aos anos oitenta, não consistia em apenas descrever os processos de uma interpretação. Com base em conceitos emprestados da Ciência Cognitiva, a proposta de Gile busca compreender e explicar a ocorrência de erros e omissões durante a atuação dos intérpretes. Seu modelo imprime a ideia de que na interpretação simultânea há uma variedade de “operações competitivas”, nomeadas pelo pesquisador como “esforços” (daí o nome do modelo) – estes englobando componentes conscientes, deliberados e exaustivos, resultando em operações não-automáticas o que quer dizer que impõem ao intérprete uma capacidade de processamento. (Gile, 1995). As premissas do modelo são as de que a interpretação: 1) requer alguma forma de energia mental que estaria disponível ao intérprete em quantidade limitada, e 2) consome quase toda essa energia mental, muitas vezes, mais do que o que está disponível, resultando, portanto, em complicações no desempenho. O autor destaca que há 3 esforços cruciais, podendo eles se sobreporem ou se inverterem no ato da interpretação:
1 – Escutar e analisar o texto de partida (compreensão); 2 – Produzir o discurso na língua alvo; 3 – Memória de curto prazo para armazenar e recuperar a informação.