A este respeito, Kelman (2005: 28-29) realizou um estudo objetivando analisar as diferentes funções do intérprete a partir de entrevistas feitas com algumas professoras regentes e professoras especializadas de escolas públicas do ensino fundamental. O que é confirmado na investigação é que o ato interpretativo não é isolado, isto é, não é função única do intérprete. A pesquisa mostra onze diferentes papéis – papéis estes que foram reconhecidos e atribuídos pelas próprias professoras. O primeiro trata-se de ensinar a língua portuguesa como segunda língua. Ensinar a língua de sinais para surdos e também para ouvintes, com o objetivo de facilitar a comunicação entre o grupo, foram os dois outros papéis. Em seguida, há menção de que o intérprete é responsável também por fazer a adequação (omissão) curricular, considerando-se esta ser uma estratégia para que todos caminhem no mesmo tempo durante a explanação do professor. O quinto papel é o de participar no planejamento das aulas, visto que há uma necessidade de que o conteúdo seja ministrado da melhor forma possível. Integrar-se com a professora regente seria o sexto papel e este complementaria o anterior. O intérprete também deve orientar as habilidades de estudo dos alunos surdos, além de estimular a autonomia dos mesmos. O nono papel é o de fazer com que a integração ocorra a partir do estímulo e interpretação da comunicação entre colegas surdos e ouvintes. A autora pontua que o intérprete também tem que fazer uso de comunicação multimodal e, finalmente promover a tutoria na sala de aula.