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Literatura surda






A cultura do reconhecimento é de importância crucial para as minorias lingüísticas que desejam afirmar suas tradições culturais e recuperar suas histórias reprimidas. Esse fato, entretanto, nos aponta os perigos da fixidez e do fetichismo de identidades no interior da calcificação da própria cultura, no sentido de trazer uma visão celebratória do passado ou uma homogeneização da história do presente. Nesta perspectiva, não estamos simplesmente opondo a cultura surda às outras culturas, mas direcionamos nossa análise à perspectiva apontada por Bhabha (2005, p. 35) quando afirma privado e público, passado e presente, o psíquico e o social desenvolvem uma intimidade intersticial. É uma intimidade que questiona as divisões binárias através das quais essas esferas da experiência social são freqüentemente opostas espacialmente.

Assim, a cultura surda tem apontado para o hibridismo cultural, no sentido de que todas as culturas estão envolvidas entre si e nenhuma delas é única e pura, todas são híbridas, heterogêneas (Burke 2003, p. 53). Para exemplificar o hibridismo cultural, estudaremos, nos tópicos seguintes, o artigo de Quadros e Sutton-Spence (2006) em que o trabalho dos dois poetas surdos um brasileiro e o outro britânico é analisado. Tais poesias em línguas de sinais diferentes os identificam enquanto pessoas surdas e, também, como membros de suas comunidades nacionais Dizem as autoras .