Há considerável evidência para se afirmar que pessoas surdas desejam estar juntas e formar uma comunidade. Obviamente há uma cultura surda em diferentes partes do mundo, embora isso não seja tão visível para as pessoas ouvintes. Nos termos de Kyle & Woll (1985), pessoas surdas trabalham com pessoas ouvintes, mas relaxam com pessoas surdas. Eles não rejeitam a sociedade ouvinte, mas se consideram diferentes. O desejo de estarem juntos é a força da vida em comunidade e a força de sua língua, de sua diferença. O entendimento proporcionado pelo compartilhamento de uma língua e uma cultura, neste texto, vincula-se a uma abordagem de que o entendimento ao estilo comunitário, casual (...) não precisa ser procurado, e muito menos construído: esse entendimento já está lá completo e pronto para ser usado de tal modo que nos entendemos sem palavras e nunca precisamos perguntar com apreensão, o que você quer dizer? O tipo de entendimento em que a comunidade se baseia precede todos os acordos e desacordos.
Tal entendimento não é uma linha de chegada, mas o ponto de partida de toda união. É um sentimento recíproco e vinculante a vontade real e própria daqueles que se unem; e é graças a esse entendimento, e somente a esse entendimento, que na comunidade as pessoas permanecem essencialmente unidas a despeito de todos os fatores que as separam. (Bauman 2003, p. 15-16)