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Linguistica Aplicada L8
No Brasil (e também em outras nações) tem se propagado, em favor de um Estado-Nação homogêneo, a ideologia do monolingüismo (Cavalcanti, 1999b), ou seja, a crença de que os brasileiros falam uma única língua. Neste sentido, as línguas dos grupos minoritários são vistas como ameaça ou desestabilização à coesão nacional, e por isso muitos são os esforços no sentido de erradicá-las, eliminá-las já que se contrapõem aos ideais nacionalistas. Mas como ser desenhou essa coerção lingüística? Podemos dizer que esta norma da língua única teve um apelo fundamental em dois marcantes fatos históricos no passado: (1) na administração do Marquês de Pombal por volta de 1750 e (2) no período de ditadura de Getúlio Vargas entre 1937-1945 – ambas tinham como premissa exclusiva o lema de uma língua una. Marquês (conhecido como grande batalhador pelo ensino em português na época do Brasil Colônia) acreditava que a língua indígena tupi-guarani poderia ser ameaçadora aos colonizadores e também uma forte barreira para a constituição de um só povo, de uma só irmandade. Isso ocorreu porque se tinha um sonho de se construir uma cidade idealizada e homogeneizada cuja palavra-chave era a ordem. Na mesma linha de atuação política, Vargas pregava a proibição do uso das línguas trazidas pelos imigrantes (dos italianos e alemães, por exemplo) que saíram de seus países de origem para começar uma vida no Brasil. Historicamente, vê-se uma operação violenta, pois por imposição materiais em outras línguas que não o português, por exemplo, foram banidos, além de coibir-se o uso, mesmo em interações familiares, das línguas “estrangeiras”. Resquícios da opressão e ditadura lingüística ainda estão vivos na memória das vidas de muitos imigrantes no sul do Brasil.