Você deve estar questionando: Será possível que alguns professores continuam preparando suas classes ignorando as diversidades naturais de um grupo heterogêneo? Sobre este aspecto, Coracini (2003: 45) em seu texto Língua Estrangeira e Língua Materna: Uma questão de Sujeito e Identidade destaca: ... a escola trabalha no sentido de abafar as diferentes vozes que constituem o sujeito, tornando-o mero “repetidor” da voz do livro didático e/ou do professor, seguidor de esquemas e fornecidos a priori, cujo objetivo parece ser o de dar consciência de um processo que também é construído a partir de generalizações e de modelos ideais do “bom leitor”, “do bom produtor de textos”, “do bom aluno”.
No exemplo I , dado por Leffa, que apresentamos no inicio da unidade, relata uma situação entre professor e aluno, que demonstra que o docente impõe sua verdade e busca uma padronização do saber, pois acredita que o s alunos são iguais e devem repetir a sua verdade. Reforça a nossa idéia as palavras de Coracini (2007:155) : ... apesar das mudanças sociais, apesar da aceitação, ao menos em teoria, da diversidade, da diferença, principalmente por parte daqueles que dizem ver o mundo da perspectiva pós-moderna, assiste-se ao reforço da homogeneidade: todo mundo deve compreender um texto do mesmo modo.
Desta maneira, como os professores podem ignorar em sua prática a individualidade do aluno, seus elementos culturais e seu entorno? Sobre este aspecto, destaca Gesueli (2006: 283), ao citar Skliar (1998), em seu texto: Faz-se necessário ressaltar que a surdez não é homogênea, ou seja, o grupo de surdos não é uniforme. Dentro do que denominamos surdos, fazem parte os surdos das classes populares, as mulheres surdas, os surdos negros, surdos de zona rural, entre outros. Assim, temos os surdos oralizados que não consideram necessária a oficialização da língua de sinais e, em contrapartida, os surdos filhos de pais surdos, usuários da língua brasileira de sinais (LIBRAS), e que não se consideram deficientes auditivos. Enfim, podemos considerar a possibilidade de múltiplas identidades surdas, ou seja, elas são heterogêneas e apresentam diferentes facetas.
Exemplo I “Uma manhã a professora disse: - Hoje nós iremos fazer um desenho. - Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de desenhar leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos... pegou sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar. A professora então disse: - Esperem, ainda não é hora de começar! Ela esperou até que todos estivessem prontos. - Agora, disse a professora, nós iremos desenhar flores. O menino começou a desenhar bonitas flores com seu lápis rosa, laranja e azul. - A professora disse: Esperem! Vou mostrar como fazer! E a flor era vermelha com caule verde. - Assim, disse a professora, agora vocês podem começar. O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isso... virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora, e era vermelha com o caule verde.”