Os resultados encontrados foram muito interessantes. Os pacientes surdos com lesão no hemisfério direito, mesmo com uma lesão extensa, não apresentaram problemas no uso da língua de sinais. Eles se mostraram fluentes, com gramática estruturada e raros erros de sinalização. Entretanto, apesar da linguagem preservada, eles mostraram déficits no processamento de relações espaciais não-lingüísticas (como descrever a organização dos objetos em um quarto). Desta forma, o hemisfério direito não é responsável pela língua de sinais, apesar de ser responsável pelas relações visual-espaciais. O que se percebe é que a representação mental para relações espaciais entre objetos reais é diferente daquela organização espacial para conceitos gramaticais abstratos.
No entanto, os pacientes surdos com lesão no hemisfério esquerdo apresentaram um bom desempenho nos testes de percepção espacial, mas demonstraram sua língua de sinais amplamente afetada, com efeitos parecidos com aqueles encontrados em ouvintes afásicos. Um fato que chamou a atenção foram as diferenças de padrão nos déficits lingüísticos destes pacientes.
Um deles mostrou agramatismo, não utilizando os sinais adequados, não usando flexões gramaticais nem uma ordem sintática coerente.
Outros dois pacientes, aparentemente, mostraram fluência na produção, mas com diferentes prejuízos. Um deles usava estrutura coerente, mas apresentava erros na configuração de mão (como o equivalente a troca de sons na fala), além de não especificar os referentes no discurso e apresentar problemas de compreensão. O outro paciente apresentava muitos erros gramaticais, de flexão e de uso do espaço.
Estes dados mostram que lesões no hemisfério esquerdo não causam danos uniformes na língua de sinais: danos em diferentes regiões afetam diferentes componentes lingüísticos.