Tivemos aproximadamente vinte horas aula e eles conseguiram obter uma boa compreensão do sistema. Poderão prosseguir sozinhos se desejarem. A possibilidade de acesso e interação com os pais e colegas, assegura resultados significativos de aprendizagem, também para as crianças, pois cria um ambiente envolvido com o mesmo interesse. Fizeram alguns trabalhos em grupo, ou individuais, para construir um mini- dicionário, poesia e historinhas. Eles gostaram muito das aulas, pois é uma novidade, nunca haviam pensado existir uma escrita que registra a língua de sinais. Nas aulas com crianças, a ação interessada se manifestou principalmente na manipulação dos jogos e materiais, na postura ativa de corrigir colegas que estão escrevendo no quadro, chamar o professor para perguntar, trazer e caprichar no caderno. Os jogos didáticos são recursos importantes para a aprendizagem da leitura e da escrita, desenvolvem também as atitudes de comportamento, convivência, organização e participação. As crianças gostam muito de jogar. Fragmentos do diário de campo, colhidos das experiências, que ilustram essas considerações . Concluo essa disciplina com a observação de que as experiências realizadas, com a aquisição do SignWriting parecem guardar relação com as grandes etapas da alfabetização em língua oral das crianças ouvintes, propostas por Ferreiro que se fundamenta na teoria de Piaget.
Fragmentos do diário de campo, colhidos das experiências, que ilustram essas considerações.
Escrevi só a primeira posição de símbolo de configuração da mão e eles continuaram escrevendo as posições de símbolos das configurações das mãos até completar todas. Percebi que eles estão adquirindo as posições de símbolos, pois escreveram rápidos. O grupo quatro é mais fácil do que grupo três pois são de sinais mais usados.
Depois escreveram os sinais de seus nomes, mostravam com o alfabeto manual e SignWriting no quadro-negro. Alguns olhavam o cartaz com o alfabeto manual e a correspondência em SignWriting. A professora surda ficou admirada de como eles aprenderam com rapidez.
Querem mais jogos, avisei que vamos deixar para outro dia.
Fui à sala de aula da professora surda onde estão as crianças, elas me olharam e ficaram felizes porque voltei a trabalhar com elas e perguntaram por que estava demorando a voltar.
Comecei a trabalhar pergunta e resposta escrevendo uma frase em SignWriting da LSF no quadro “qual cor gosta?”. Eles lêem juntos, não conhecem o sinal escrito de gostar então mostrei para eles o sinal de gostar, logo associaram ao sinal escrito e repetiram a leitura da frase que entenderam completamente.
Sentamos a mesa e eles abriram os cadernos para construirmos os sinais escritos de cada um. Uma aluna opina que é fácil, outro aluno diz que pode ser fácil ou difícil, depende do sinal escrito. Pedi que tentassem primeiro nos cadernos para depois irmos ao quadro e finalmente cada um colocaria o seu sinal escrito em uma folha branca para pendurar. Trabalhamos assim até que todos colocaram a folha com seu nome pendurada no armário. Foi muito alegre porque faziam brincadeiras uns com os outros sobre como escrever seus nomes.
Distribuí a história do cavalo, que não está completa. Nós lemos juntos os sinais e eles querem escrever a historia completa. A menina estava cansada, e escreveu um final bem simples. O outro aluno que estava animado com a história do cavalo escreveu o final da história muito bem, perguntando como escrever alguns símbolos de movimentos.
O ALUNO ESCREVEU A HISTÓRIA DO CAVALO.
Uma aluna fez uma pasta para colocar histórias em SignWriting da LSF, para estudar, ela me mostrou a pasta, feliz.
Gostam muito de ler textos em SignWriting e de ler quando escrevo no quadro. Querem continuar a ler textos.
Sobre se a escrita do SignWriting da LS ajuda a desenvolver a escrita da língua oral, responderam que sim, amplia os conhecimentos das configurações das mãos. Quando vêem um símbolo passam a refletir sobre qual o sinal que corresponde ao símbolo prestam atenção nos diferentes símbolos.
Elas aprenderam a língua francesa e suas regras de estrutura, logo que começaram aprender a ELS perceberam que não sabiam que a LS também tem regras de estrutura.