Quanto à audição e a fonação Piaget (1970) ainda em O Nascimento da Inteligência da Criança, diz que são reflexos hereditários que por volta do segundo mês dão lugar a adaptações adquiridas. Claramente durante o segundo mês o som ouvido provoca uma parada, mesmo pouco duradoura, da ação em curso e uma busca clara. O ouvido e a voz estão ligados, para a criança, desde o início da adaptação adquirida, talvez haja até uma ligação hereditária, mais isso Piaget relata que não pode comprovar. A fonação está organizada em dois sentidos complementares, primeiro na medida em que o conjunto de sons produzidos constitui um sistema de articulações interdependentes, e depois, na medida em que a fonação se coordena com outros esquemas, sobretudo com os esquemas auditivos. O bebê surdo quando exercita seus reflexos de balbucios iniciais não encontra o estímulo externo (sons) que tornaria seu exercício significativo e, por conseguinte, capaz de gerar a aprendizagem da fala. A montagem hereditária que se manifesta nos balbucios iniciais (reflexos) deixa de funcionar por falta do retorno auditivo impedindo a aprendizagem da fala que se daria na troca com o meio. Essa acomodação perpétua dos órgãos vocais à realidade fônica, percebida pelo ouvido, deixa de existir no caso dos sujeitos surdos.