A passagem do primeiro para o segundo estágio, que ele denomina pré-operatório, se dá quando surge a função simbólica que permite à criança diferenciar o sujeito (ela própria) do objeto (o mundo que a rodeia) e tem início por volta dos oito meses. Há três manifestações básicas da função simbólica.
1) A imitação diferida – quando a criança imita algum objeto ou pessoa com o próprio corpo. 2) O brinquedo simbólico – quando “ela faz de conta” e vivencia uma determinada situação. 3) A fala – que é a manifestação mais clara da função simbólica.
Piaget chama função semiótica àquela que possibilita ao sujeito representar objetos ou situações que estão fora de seu campo visual por meio de imagens mentais. A representação é a condição básica para o pensamento existir. O que constitui a função semiótica e faz com que a criança ultrapasse a atividade sensório-motora é a capacidade de representar um objeto ausente por meio de símbolos ou signos, o que implica diferenciar e coordenar os significantes e os significados. Na criança, o período sensório-motor, durante o qual os objetos só existem interdependentes da atividade do sujeito, é anterior à função semiótica. Nesse período, falta a evocação do ausente, o tempo e o espaço. Quando a criança consegue imitar um modelo ausente ela mostra que adquiriu a função semiótica. A representação permite que a criança organize o espaço e o tempo e se diferencie dos objetos. Pode então recordar e planejar. Associar suas ações no espaço e no tempo. Reconhecer-se como diferente dos outros. As representações de ordem superior (representações simbólicas) são também coletivas, porque precisam ser objeto de convenções que lhes atribuem sentido culturalmente definido, constituem-se no signo verbal para as línguas faladas e no sinal gestual para as línguas de sinais.