De acordo com o princípio do subconjunto exposto na unidade anterior, podemos fazer previsões sobre a aquisição de sujeitos nulos nas línguas. Inicialmente, as crianças devem marcar o parâmetro no valor mais restrito, ou seja, no valor (b). Assim sendo, as produções iniciais das crianças devem sempre ter sujeitos realizados foneticamente, não importando qual língua está sendo adquirida. As crianças adquirindo línguas em que esta já é a marcação do adulto não teriam que fazer nada mais. Por exemplo, crianças adquirindo o inglês não teriam que mudar esta marcação. Já as crianças adquirindo línguas como o italiano teriam que mudar esta marcação inicial a partir de sua experiência. Ou seja, quando ouvissem sentenças com o sujeito nulo em seu input, elas perceberiam que a marcação inicial está incorreta e mudariam então para o valor (a). A partir daí, elas começariam a produzir sentenças com sujeitos nulos. Estas previsões, no entanto, não são confirmadas por dados de aquisição coletados para várias línguas. Crianças adquirindo línguas de sujeito nulo, como italiano e português europeu, produzem sujeitos nulos desde cedo (ver, dentre outros Faria (1993); Guasti (1996, 2000); Rizzi (1994)) Faria (1993), por exemplo, reporta que a omissão de sujeitos em português europeu infantil é de 80%. Isto por si só não seria problemático, já que poderíamos supor que o estágio com a marcação inicial (em que somente sujeitos abertos são permitidos) é rapidamente superado e que a criança remarca o parâmetro muito cedo.
- Faria, I. (1993) “A Aquisição da Noção “Agente” e a Produção de Sujeitos Sintáticos por Crianças Portuguesas até os Dois Anos e Meio”. Revista Internacional de Língua Portuguesa 10:16-50. - Guasti, M. T. (1996) “The Acquisition of Italian Interrogatives”. In H. Clahsen (ed.) Generative Perspectives on Language Acquisition. Amsterdam: John Benjamins. Guasti, M. T. (2000) “An excursion into Interrogatives in Early English and Italian”. In M.-A. Friedemann e L. Rizzi (eds.) The Acquisition of Syntax. Harlow, England: Longman. - Rizzi, L. (1994) “Early null subjects and root null subjects”. In: T. Hoekstra e B.D. Schwartz (eds.) Language Acquisition Studies in Generative Grammar. Amsterdam: John Benjamins, 151-176.