A tarefa de julgamento de valor de verdade (JVV), tal como elaborada em Crain e McKee (1985), investiga o conhecimento das crianças acerca de uma dada construção lingüística por meio de seu julgamento sobre o valor de verdade de sentenças enunciadas por um fantoche. Por exemplo, Crain e McKee queriam investigar se as crianças sabiam as restrições sobre o uso de pronomes nas sentenças. Para tanto, esses autores testaram as crianças da seguinte maneira. Dois investigadores ficaram na sala com a criança, um manipulando um fantoche e o outro encenando histórias curtas para a criança e o fantoche. Ao final da história, o fantoche dizia o que ele achava que tinha acontecido na história e a criança julgava o que o fantoche havia dito como verdadeiro ou falso. A criança era instruída a dar para o fantoche sua comida preferida (uma barra de chocolate de borracha) caso ele tivesse dito o que realmente aconteceu na história ou a dar para ele comer algo que ele não gostava (um pedaço de pneu) caso ele tivesse ficado distraído e tivesse dito algo que não aconteceu na história. O experimento era conduzido da maneira descrita abaixo (retirado de Crain e McKee (1985) e traduzido para o PB): Para o adulto, a sentença enunciada pelo fantoche só pode significar que alguém que não o Smurf comeu o hambúrguer. Isto reflete uma restrição encontrada nas línguas naturais: em algumas estruturas sintáticas, o pronome não pode vir antes do elemento que lhe dá referência. Isto é o que acontece na sentença acima, e Crain e McKee queriam checar se as crianças saberiam tal restrição.
Crain, S. e C. McKee (1985) “The acquisition of the structural restrictions on anaphora”. In S. Berman, J. Choe, e J. McDonough (eds.), Proceedings of NELS 16. Amherst, MA: GSLA: 94-110.