Estudos de línguas de sinais e a aquisição da linguagem
Os estudos das línguas de sinais no sentido das investigações lingüísticas apresentam evidências de que as línguas de sinais observam as mesmas restrições que se aplicam às línguas faladas. Quase em paralelo a esses estudos, iniciaram-se as pesquisas sobre o processo de aquisição da linguagem em crianças surdas filhas de pais surdos. No Brasil, a língua de sinais brasileira começou a ser investigada nas décadas de 80 e 90 e a aquisição da língua de sinais brasileira nos anos 90.
As investigações delineadas até então indicam que as crianças surdas, filhas de pais surdos, adquirem as regras de sua gramática de forma muito similar às crianças adquirindo línguas faladas. Assim, à medida que avançamos nos estudos, verificamos que a constituição da gramática da criança independe das variações das línguas e das modalidades em que as línguas se apresentam. Como diz Chomsky, seja a língua como for, a faculdade da linguagem é algo comum entre os seres humanos:
A concepção de que a articulação e a percepção envolvem a mesma interface (representação fonética) é controversa, os problemas obscuros relacionados à interface C-I (conceptual-intencional) é ainda mais. O termo “articulatório” é tão restrito que sugere que a faculdade da linguagem apresenta uma modalidade específica, com uma relação especial aos órgãos vocais. O trabalho nos últimos anos em língua de sinais evidencia que essa concepção é muito restrita. Eu continuarei a usar o termo, mas sem quaisquer implicações sobre a especificidade do sistema de output, mantendo o caso das línguas faladas. (Chomsky, 1995 a:434, nota de rodapé 4).