A escola serve para aumentar o alcance dos registros de uma pessoa, acrescentando novos registros próprios a novos usos da língua, principalmente os usos em gêneros escritos. Infelizmente, ao invés de só acrescentar novos registros, a escola também desencoraja os alunos a usar e manter seus registros mais informais! Pior que isso, muitas vezes a escola tenta convencer os alunos de que os falares nativos da sua família e da sua vizinhança são errados ou feios. A escola não está errada ao ensinar os registros mais formais do português, mas está errada quando deixa os alunos com vergonha de usar os registros familiares. Os dois "jeitos de falar" podem conviver perfeitamente bem juntos, da mesma forma que duas línguas convivem juntas numa pessoa bilíngüe. Saber usar um maior número de registros significa maior riqueza lingüística, e não maior pobreza.