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Sociolinguistica_L8B8






5.7 Diglossia

Um caso de registro levado ao extremo é o caso da diglossia. "Diglossia" é o termo técnico para uma situação em que, na mesma sociedade, existem duas variedades lingüísticas bem diferentes, uma para usos mais formais e a outra para usos mais informais. A primeira variedade mais formal é chamada "H", ou "variedade alta", e a mais informal "L", ou variedade baixa (veja nota) A variedade alta é sempre uma variedade literária, tipicamente clássica, e costuma ser aprendida nas escolas e não em casa. A variedade baixa, em geral, não tem escrita, nem reconhecimento oficial. É a língua aprendida e falada em casa, no mercado e entre amigos.
Um exemplo clássico de diglossia é a China antes do século XX. A língua escrita, aprendida às duras penas na escola (que era para poucos), era a língua clássica da literatura, da burocracia e da vida pública. Como a língua escrita é mais conservadora e muda mais lentamente que a língua oral, as variedades chinesas faladas (e que não eram escritas) mudaram através do tempo e ficaram muito distantes da língua escrita, o que dificultava mais o ensino e aprendizagem da escrita. A partir dos anos 20 do século XX, a língua padrão para a escrita deixou de ser a língua literária clássica e passou a ser o mandarim, o dialeto falado em Pequim. Com essa mudança, ficou mais fácil para as pessoas aprenderem a ler e escrever, mas o sistema de diglossia continuou, com as pessoas falando seu dialeto regional em casa e na rua e aprendendo a falar e escrever o mandarim padrão na escola.