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Sociolinguistica_L8B8






5.2 Variações próprias à situação

Nem toda variação indica quem está falando. Muita variação na língua indica o que está acontecendo, onde está acontecendo, e qual é a importância social do que está acontecendo. Ou seja: as mesmas pessoas podem falar (e precisam falar) diferentemente em horas e ocasiões diferentes. As pessoas não falam sempre da mesma forma. Elas modificam a maneira de falar de acordo com a situação.
A compreensão de como as pessoas mudam seu jeito de falar dependendo das circunstâncias é relativamente recente, e é uma das grandes contribuições da sociolingüística. Sempre se soube desses fatos, mas não eram objetos de pesquisa científica. Como já comentamos na Unidade 1, com Saussure, e depois com Chomsky, a tendência era a de ignorar a variação interna da língua em favor de uma noção de homogeneidade sincrônica no grupo social, ou da competência perfeita de um falante ideal.
A partir dos anos 1960, Dell Hymes lançou a idéia da competência comunicativa, como contraponto à competência "lingüística" de Chomsky. Para Hymes, para entender o conhecimento que os falantes nativos têm da sua língua, não basta saber quais são as possíveis estruturas gramaticais da língua. Também é necessário saber como e onde se deve usar essas estruturas na comunicação. Nem todas as estruturas podem aparecer nos mesmos contextos. Algumas estruturas são muito comuns; outras muito raras. Usar uma estrutura correta no lugar errado pode ser um erro mais grave para a comunicação do que usar uma estrutura errada! Isso é um grande problema para pessoas que aprendem uma segunda língua. Eles podem aprender as estruturas da segunda língua, e depois usá-las na hora errada.
Nos próximos itens, vamos falar sobre algumas das variações lingüísticas que são próprias de situações específicas.