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Sociolinguistica_L8B8






5.1 Variações próprias à pessoa

Quando uma pessoa fala, você pode saber muita coisa sobre ela só por meio da sua maneira de falar! Muitas vezes, mesmo sem olhar para a pessoa (no caso de língua oral, claro!), você pode adivinhar de onde ela vem, o sexo, a idade (mais ou menos), a etnia e a classe social, só pela linguagem que usa: as palavras, o sotaque, as expressões, a entoação, as escolhas gramaticais.
Saber de onde uma pessoa vem não é difícil se a pessoa fala um dialeto, ou se fala com um sotaque regional. No Brasil, é fácil identificar quem é da Bahia, quem é do Rio e quem é do sul do país, só pelo jeito de falar.
O sexo (ou "gênero"), é claro, é revelado pela qualidade da voz: mulheres têm vozes mais agudas, homens mais graves. Mas, independente disso, estudos indicam que existem diferenças entre a fala das mulheres e a fala dos homens. Pesquisas mostram, por exemplo, que a linguagem das mulheres tende a ser menos afirmativa, e que os homens tendem a interromper quem está falando mais freqüentemente do que as mulheres.
Já vimos, também, que é comum que gerações mais novas falem um pouco diferente dos seus pais, e mais diferente ainda dos seus avós. Só de ouvir uma pessoa, pelo seu jeito de falar, independente da qualidade de voz (que muda com a idade), é possível adivinhar a qual geração uma pessoa pertence. Pais estão sempre reclamando sobre o jeito de falar dos filhos, e jovens estão sempre "gozando" o jeito de falar dos seus pais.
Em muitos lugares do mundo, dentro da mesma língua, há variedades próprias de etnias diferentes. Essas variedades recebem o nome de etnoletos. Um caso muito claro disso é o inglês vernáculo afro-americano falado nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, pode-se saber, em muitos casos, se o interlocutor no telefone é afro-americano ou não, só pela fala.
É comum, também, encontrar variedades associadas com determinadas classes sociais, principalmente nos grandes centros urbanos. Essas variedades recebem o nome de socioletos.
Vimos, então, que a pessoa pode carregar marcas da sua origem, do sexo, da sua idade, da sua etnia e do seu nível social – só pelo seu jeito de falar.