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Sociolinguistica_L8B8
Essa situação do caso da comunidade surda não é atípica. De fato, são poucas as situações no mundo contemporâneo que podem ser descritas adequadamente pelo modelo de diglossia.
Podemos rever os casos do Paraguai e dos países árabes, que já vimos. No Paraguai, o guarani já é reconhecido como língua oficial do país e é usado e ensinado na escola, o que distancia a situação do caso típico de diglossia, em que a variedade baixa não recebe nenhum apoio oficial.
Nos países árabes, os dialetos regionais estão aparecendo maciçamente nos meios de comunicação – no rádio, na televisão e no cinema – como língua falada, mesmo em situações de mais formalidade, como entrevistas com líderes políticos. Isso começa a dar mais prestígio ao dialeto. Observa-se alternância de códigos e empréstimos entre o árabe padrão moderno e os padrões dos dialetos regionais, e influência mútua entre alguns dos dialetos regionais. E além dessas opções, as pessoas ainda têm outras opções de uso para situações específicas: dialetos comunitários e línguas estrangeiras (principalmente o francês e o inglês).
Para descrever essas e outras situações complexas, é mais útil pensar que cada pessoa domina um repertório verbal, que inclui línguas padrão escritas, variedades não-padrão (regionais ou étnicas, por exemplo), gêneros textuais, gêneros de fala, registros, jargões e línguas estrangeiras, que ela pode usar conforme a necessidade. Muitos elementos do repertório verbal de uma pessoa estão disponíveis na sociedade à sua volta, mas também é possível buscar elementos fora, por meio de viagens, estudo de línguas estrangeiras e comunicação com comunidades profissionais em outras partes do mundo.