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Sociolinguistica_L8B8
         
 
Por essa visão, percebemos que as pessoas não são vítimas da sua origem – porque não conseguem se livrar dela – e nem são vítimas de um sistema que tem o poder absoluto de mudá-las.  Elas podem optar com qual grupo elas preferem mostrar solidariedade.  Pode ser mais importante para as pessoas sentir parte de um grupo minoritário (e ser alguém nesse grupo) do que tentar ser parte de um grupo majoritário (e sentir que, neste, não é ninguém).
O ideal, talvez, fosse que o aluno percebesse que a variedade majoritária da escola nada mais é do que mais uma opção, que traz para ele mais liberdade.  Com o domínio da variedade padrão, ele pode usá-la quando for mais conveniente, sem perder o uso do seu dialeto quando sentir necessidade de identificar com seu grupo de origem.
Ou seja, as pessoas podem usar as variedades nos seus repertórios verbais para marcar identidades diferentes em situações diferentes, como também para estabelecer a natureza das suas interações com outras pessoas.  Variando o jeito de falar podemos comunicar, "Eu sei jogar pelas regras; sou um de vocês" ou podemos comunicar, "Não sou um de vocês e não jogo por suas regras!"
As instituições do poder central costumam preferir que todo mundo jogue pelas mesmas regras (as delas, obviamente!) e por isso tentam controlar o comportamento das pessoas, inclusive o comportamento lingüístico.  Mas como já vimos, é difícil que o controle sobre os usos que as pessoas fazem da língua seja total.  A variação que sempre existe em qualquer língua permite que seus falantes possam exercer uma certa liberdade para definir quem são e a quais grupos pertencem.