Outra situação de uso de pidgin é a dos próprios navios que transitavam nos oceanos nos séculos das grandes navegações. Esses navios juntavam marinheiros de todos os cantos do mundo, de dezenas de línguas diferentes. Nos navios e nos portos onde os marinheiros paravam e socializavam com marinheiros de outras partes do mundo, eles se comunicavam em um jargão náutico, que misturava palavras de várias línguas pidgin encontradas nos portos, com termos marítimos, e que servia como língua franca entre marinheiros de línguas maternas diferentes. Uma língua franca é exatamente isso: uma língua que serve para a comunicação entre pessoas que falam outras línguas. As línguas pidgin são sempre línguas francas. Vocês se lembram que na ilha de Pápua-Nova Guiné, mais de 800 línguas são usadas? Seria impossível fazer comércio, ou governar o país, sem uma língua franca. A língua franca usada (e uma das línguas oficiais do país) é uma língua chamada tok pisin ("talk pidgin", em inglês, ou "fala pidgin"). Essa língua começou como uma língua pidgin. Línguas francas não precisam ser línguas pidgin. Podem ser qualquer língua que seja usada como língua comum entre pessoas que falam outras línguas maternas. Durante a Idade Média e até o século 18, o latim era usado como a língua franca dos intelectuais da Europa. Eles escreviam seus trabalhos científicos em latim. Na África oriental, a língua swahili se espalhou, no começo do século 19, como língua franca. Hoje, o swahili é falado por 2 milhões de pessoas como primeira língua, e por cinqüenta milhões como segunda língua. No período moderno, o francês foi considerado a língua franca da diplomacia. Hoje em dia, o inglês é a língua franca internacional da ciência, da tecnologia e do comércio. É a língua oficial de comunicação aérea e marítima, e do esporte internacional. O inglês é a língua mais estudada no mundo como segunda língua. Hoje em dia, é quase impossível fazer uma pós-graduação em algumas áreas de conhecimento sem ler o inglês, porque mesmo em países em que o inglês não é a primeira língua, a ciência mais importante é publicada em inglês, para ser lida no mundo inteiro. Noventa e cinco por cento de toda a produção científica mundial é escrita em inglês, apesar de só a metade disso ser produzida em países de língua inglesa. É mais fácil para os cientistas no mundo inteiro aprenderem uma segunda língua (o inglês) do que aprender mais três ou quatro línguas para poder ler a produção científica do seu interesse.