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Sociolinguistica_L8B8






2.3 Pidgins

Algumas situações em que há barreiras à comunicação são mais sérias do que outras. No caso do bebê, todo mundo sabe que o bebê vai crescer e que, com o tempo, vai aprender nossa língua. No caso do encontro com um estrangeiro, não é tão sério, porque provavelmente a situação dura muito pouco tempo (o que, infelizmente, não é o caso de um surdo vivendo em família de ouvintes que não sinalizam!).
Mas imagine uma situação de estar num grupo de pessoas, em que ninguém fala a mesma língua! E ter que viver por muito tempo nesse grupo! Nessa situação, todo mundo tem que falar "estrangeirês", da sua maneira, para tentar ser entendido. E acrescente outro fator a nosso grupo imaginário: ninguém pode aprender a língua de mais ninguém!
Essas situações, infelizmente, não são tão raras na história. Sabemos que durante a era das grandes colonizações e, em especial, durante a era da escravidão, essas situações eram bem comuns. Uma história típica seria assim: um país explorador e colonizador, como a Inglaterra ou Portugal, faz contato com pessoas de algum país da África para comprar escravos. Os intermediários do tráfico negreiro escravizam pessoas no interior do seu país e as trazem para os portos, onde eles misturam as pessoas de línguas diferentes, para dificultar a comunicação e, portanto, a possibilidade de planejar uma rebelião. Aí esses escravos são vendidos para os "navios negreiros", os navios que levavam os escravos para ser vendidos no seu país de destino.
Você lembra quantas línguas um país como a República Democrática do Congo tem hoje? Imagine um navio, e depois uma fazenda com escravos que falam vinte ou trinta línguas diferentes. Como é que os donos dos escravos se comunicavam com os escravos, e como é que eles se comunicavam entre si?