Quais situações são essas? Em primeiro lugar, temos a situação de uma mãe falando com seu bebê. A mãe sabe falar português, mas o bebê não. No início, a mãe fala com o bebê de um jeito normal, como se estivesse falando com qualquer adulto; mas assim que o bebê começa a balbuciar e parecer que está tentando se comunicar, aí a mãe muda o jeito de falar. A mãe começa a falar mais devagar, mais bem pronunciado, a usar uma entoação mais exagerada, a usar palavras mais comuns e mais simples, a usar frases mais curtas, a falar de coisas imediatamente visíveis para o bebê, a repetir várias vezes a mesma coisa, a pausar mais entre as frases, a olhar diretamente para o bebê na hora de falar. Podemos chamar essa maneira de falar "maternês" (a fala das mães). Por que todas as mães fazem isso? É completamente natural. Não achamos nada de estranho nisso! O pai chega em casa e também começa a falar com o bebê de forma completamente diferente. Os amigos chegam e, quando falam com a gente, falam normalmente, mas quando eles falam com o bebê, eles mudam tudo. Por que isso acontece? Essa é uma longa história. Ainda não sabemos se essa maneira de falar das mães para seus filhos ajuda os filhos a aprender a língua. Mas sabemos que ajuda a manter a comunicação. Sabemos que ajuda a chamar a atenção do bebê e a dirigir a atenção dele para objetos no ambiente. Ajuda na interação com a criança. Sabemos que a criança ainda não sabe muita coisa sobre o mundo, e também não sabe quase nada da língua, mas, mesmo assim, estamos usando a nossa língua para nos comunicar com esse novo "estranho" na nossa comunidade. Usamos essa forma simplificada de falar por causa do nível de conhecimento do bebê. Mas temos muita consciência de que isso é apenas uma fase, e que o bebê, com o tempo, vai começar a usar mais e mais a língua. À medida que a criança vai aprendendo a língua, vamos deixar o maternês de lado, e vamos começar a falar com a criança de forma mais adulta.