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Sociolinguistica_L8B8






2.1 Línguas emergenciais

Começamos com casos de contato precário, em que as pessoas precisam se comunicar apesar das diferenças lingüísticas. Isso mostra dois tipos de recurso comunicativo que as pessoas têm. O primeiro recurso é a capacidade de simplificar a linguagem para estabelecer a comunicação. O outro recurso é a capacidade (que as crianças têm) de elaborar uma língua completa e gramatical a partir da fala incompleta e agramatical das pessoas ao seu redor.
A palavra "emergência" tem dois sentidos, e os dois sentidos são apropriados para o assunto que vamos estudar. Uma "emergência" é um estado de crise. Quando temos uma emergência, chamamos o resgate. Mas "emergir" também quer dizer "aparecer". Então, uma língua "emergencial" é uma língua que é usada em momentos de crise lingüística, mas também é uma língua que "emerge", isto é, uma língua que aparece em certas circunstâncias. Nós vamos ver quais são essas circunstâncias, e como são essas "línguas emergenciais".
Sabemos que as línguas naturais são bem complexas. A maioria dos falantes de uma língua não conhece toda a língua. No português, por exemplo, ninguém conhece todas as palavras da língua. E nenhum surdo brasileiro conhece todos os sinais da libras. Sempre, em qualquer comunidade lingüística, algumas pessoas sabem melhor que outras como usar a gramática e as palavras exatas para falar de uma maneira mais bonita ou mais precisa ou mais persuasiva. Sempre podemos aprender mais sobre a nossa própria língua. Vivemos comentando sobre as palavras e os sinais, o que eles significam, exatamente, e como podem ser usados. Ninguém sozinho é dono da língua.
Mas vamos pensar em algumas situações em que não adianta saber tudo o que sabemos da nossa língua. Às vezes, para nos comunicarmos com alguém, não adianta saber muitas palavras ou entender bem como usar a gramática da língua. São casos em que estamos tentando nos comunicar com alguém que não conhece nossa língua.