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Sociolinguistica_L8B8






1.2 As línguas do mundo

Quando falamos da teoria lingüística, falamos em "língua" (no singular). A teoria lingüística procura investigar o que todas as línguas têm em comum, e quais são os princípios de estrutura que regem todas elas. Na sociolingüística, também falamos em "língua" como um fenômeno comum a todos os grupos humanos, mas logo notamos que um dos fatos mais evidentes é que existem muitas "línguas" (no plural), e que essas línguas podem ser muito diferentes umas das outras.
Falei acima de uma relação que existe entre "língua" e "grupo". O fato de uma língua ser associada a um grupo humano é o fato que levou Saussure a concluir que língua é um fenômeno social. Será verdade, então, que cada grupo humano tem uma língua? Podemos concluir que existem tantas línguas no mundo quanto grupos humanos?
Talvez. Mas como definir um "grupo"? É uma "cultura"? Uma "etnia"? Uma "tribo"? Uma "nação"? É difícil dizer!
Para Saussure e para a maioria dos filólogos do século XIX, "línguas" eram associadas a "nações" ou "civilizações". Isso aconteceu porque eles dependiam muito dos textos escritos para estudar as línguas, como já disse, e acreditavam que só os povos com escrita podiam desenvolver as "grandes civilizações": Egito, Índia Antiga, Grécia, Roma, e mais recentemente, Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, Portugal. Eles quase não conheciam línguas sem escrita, e, se conheciam, as desprezavam. Quando os exploradores e colonizadores chegavam em terras "novas" e encontravam os habitantes indígenas, os Europeus julgavam os povos encontrados como não- civilizados – ou até sub-humanos – e, portanto, incapazes de ter uma língua, ou pelo menos uma língua tão perfeita quanto as línguas das grandes civilizações.