Chomsky, (veja a foto) adotou uma atitude muito parecida. Ele estava interessado em descobrir a estrutura da gramática universal, que ele acreditava ser inata. Ele acreditava que só tinha uma maneira de descobrir a estrutura básica de todas as línguas (a gramática universal): estudar o conhecimento intuitivo que as pessoas têm da sua língua materna. Esse conhecimento ele chamava competência, e acreditava que era estável, diferente da performance de um falante (seu jeito de falar), que pode variar de um momento para outro. Chomsky localiza esse conhecimento no cérebro do indivíduo, e não na sociedade, como Saussure, mas o efeito é o mesmo. Os dois acreditavam que as línguas eram suficientemente estáveis para permitir que fossem descritas como sistemas perfeitos e invariáveis. Essas teorias foram muito úteis para investigar as estruturas das línguas. Mas para isso, elas tinham que idealizar a língua, e imaginar uma coisa parada no tempo, que não variava entre um falante e outro, e nem entre uma ocasião de uso e outra. Essa idealização do objeto de estudo é muito comum em todas as ciências. Mas é importante lembrar que essa visão da língua é uma idealização, e não um fato. Os fatos das línguas apontam para outro conceito: nas línguas, a variação está por toda parte. O primeiro tipo de variação que notamos é que existem muitas línguas diferentes no mundo. A língua não é uma coisa só. Ela pode tomar formas muito diferentes. A grande diferença entre as línguas os antigos filólogos já conheciam. Mas existe também muita variação dentro de cada língua, o tempo todo, e essa variação é um fenômeno perfeitamente normal e extremamente útil. Essa variação dentro de cada língua os antigos filólogos quase não reconheciam. Era mais fácil reconhecer variação entre as línguas do que variação dentro das línguas. Por quê?