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Sintaxe L08/B08






Da mesma forma que as categorias lexicais, as categorias funcionais projetam as posições de especificador e complemento, obedecendo à mesma estrutura hierárquica ilustrada no exemplo (39) . Vale lembrar que, enquanto os núcleos lexicais – interessa-nos aqui em particular o verbo – têm a capacidade de selecionar semanticamente seus argumentos, os núcleos funcionais, como, por exemplo, a flexão (INFL), codificam certas propriedades gramaticais que definem se uma sentença é finita ou infinitiva. Consideremos agora uma sentença sem tempo (isto é, sem flexão), como [João comprar um carro] representada no exemplo (41)
Para falar da posição hierárquica (estrutural) que os argumentos ocupam na sentença, vamos reconhecer duas áreas, a área direita, composta de sintagmas que seguem o núcleo e a área esquerda, composta de sintagmas que o precedem. Em (41), a sentença [João comprar um carro] está representada na Estrutura Profunda (EP). O item lexical comprar (ou predicado) está na posição de núcleo da sentença e se relaciona com dois argumentos, um à sua direita (relação simétrica) e outro à sua esquerda (relação assimétrica). O núcleo subcategoriza o complemento (o argumento interno), mantendo uma relação de irmandade (de irmãos mesmo) com ele, uma vez que ambos são imediatamente dominados por V’, como podemos observar na representação arbórea (41), comprar e um carro estão dominados pelo mesmo elemento, V’. Já o argumento externo não é subcategorizado pelo núcleo, mas selecionado, visto que a relação entre os dois não é de irmandade, e o especificador está mais alto que o verbo na estrutura.