Sem que nos tenham dito, somos capazes de saber que, no português, podemos juntar o morfema -vel a um item lexical como surfe e formar [surfável]; no entanto, nunca podemos juntar esse morfema a um item como mesa para formar [*mesável], por exemplo. Nossa competência lingüística como falantes de português nos permite depreender tal processo (gramatical) de maneira bastante natural. Uma criança em fase de aquisição pode até generalizar um processo gramatical de uma Língua, e produzir um item como “fazi” tendo em vista que essa é a marca morfológica que designa a primeira pessoa do singular no pretérito perfeito do indicativo de modo mais regular no português, em vocábulos como “dormi”, “comi”, “li”, “escrevi” etc. Percebemos, todavia, que não podemos juntar determinados morfemas a determinados vocábulos, de modo que há uma regra bastante clara que nos permite juntar o morfema -vel a verbos e não a nomes, por exemplo. Para ilustrar o que foi dito acima a criação de novas palavras, observe algumas situações descritas em Rocha (1998:21) na situação 1, na situação 2 e na situação 3.
situação 1 Situação 1: pai e filho passeiam pelo terreiro. De repente, o filho vê uma formiga e pisa em cima dela. Como ela permanece imóvel, o filho afirma: - Pai, a formiga morreu! Segundos depois, a formiga volta a andar e o filho exclama: - Pai, a formiga desmorreu!
situação 3 Situação 3: Em seu conhecido programa de televisão, o entrevistador Jô Soares, após saber que determinado integrante de uma banda tinha o costume de colocar apelido em todo mundo, exclamou: - Ah, esse é o apelidador da turma!
Veja resumo da unidade 4 Em resumo, os constituintes ou núcleos funcionais possuem a propriedade de selecionar argumentos. Esses núcleos estão associados a funções gramaticais (como a de carregar traços de tempo, aspecto, modo e de pessoa, número) nas línguas naturais.