Na teoria gerativa, costumamos dizer que as (im)possibilidades de combinação de determinados constituintes e as (im)possibilidades de movimentos desses constituintes podem levar a ordenações diferentes de uma sentença, produzindo o que se conhece como variação intra-lingüística (dentro da própria língua) ou variação inter-lingüística (entre mais de uma língua, como diferenças entre o português e línguas de sinais brasileira, por exemplo). É importante notar que a ordem verbo–sujeito para sentenças como (95) soa pouco natural no português do Brasil, enquanto a mesma ordem é muito boa para sentenças como (96). No primeiro caso, temos um verbo de dois lugares (ou transitivo) e no segundo caso, um verbo de um lugar (ou inacusativo). Parece que o português prefere a ordem posposta para o sujeito quando a construção é inacusativa. Há restrições, portanto, de movimento dos constituintes ligadas ao tipo de verbo (ou item lexical). Além disso, as evidências em (97) mostram que o português do Brasil exige marcação de concordância entre sujeito-verbo quando o sujeito estiver anteposto ao verbo, e admite não concordância quando ele estiver posposto.
Estamos considerando aqui Português do Brasil, pois estudos mostram que no Português de Portugal há outras possibilidades de variação da ordem do sujeito.
(97) a. A Maria e o João compraram um bolo de chocolate para a festa de sábado b.?? A Maria e o João comproudois bolos de chocolate para a festa de sábado c. O bolo de chocolate e o sorvetechegaram d. ?? O bolo de chocolate e o sorvete chegou e. Chegaram/Chegou o bolo de chocolate e o sorvete