Um outro exemplo que ilustra diferenças entre o português e o inglês é o do signo ‘dedo’ (do português) e dos signos 'finger'e 'toe' (do inglês). Em português, temos um único conceito, associado ao signo ‘dedo’, que engloba tanto os dedos das mãos, quanto os dedos dos pés. Isso significa que nós temos uma única categoria DEDO. Dedos das mãos e dos pés são membros dessa categoria. Em inglês, há dois conceitos diferentes: o conceito [FINGER], associado aos dedos das mãos; e o conceito [TOE], associado aos dedos dos pés. Os povos de língua inglesa têm, então, duas categorias: a categoria FINGER, que tem como membros os dedos das mãos; e a categoria TOE, que tem como membros os dedos dos pés. Isso mostra que os povos de língua inglesa organizam sua experiência de uma maneira diferente da maneira usada pelos povos de língua portuguesa, criando conceitos e categorias diferentes dos nossos.
2.2 A noção clássica de categoria e os problemas que ela apresenta
A categorização vem sendo estudada desde a Antigüidade. A noção clássica de categoria é atribuída ao filósofo grego Aristóteles . De acordo com essa noção, as categorias são definidas em termos de um conjunto de traços necessários e suficientes, que uma determinada entidade deve apresentar para poder ser considerada membro dessa categoria. Por exemplo, para que uma entidade X seja considerada um membro da categoria MENINO, as seguintes características são necessárias: X precisa ser humano; X precisa ser masculino; X precisa ser jovem. Conjuntamente, essas três características são suficientes para definir que X é membro da categoria MENINO. Isso quer dizer que qualquer entidade no mundo que seja humano, masculino e jovem, tem que ser um menino! O conjunto dessas três características define, segundo a visão clássica, o conceito [MENINO].