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Semântica e Pragmática
Afinal, o que é um conceito? Alguns teóricos propõem que um conceito é um princípio de categorização. Quando temos um conceito como [ PÁSSARO ] sabemos o que é um pássaro. Esse conceito é que faz com que reconheçamos um pássaro quando estamos diante de um. A partir desse momento, nós sabemos que podemos usar o signo ‘pássaro’ para fazer referência aos pássaros que encontramos. Nós sabemos que pássaros são animais, que, em geral, têm penas e voam, que têm bicos, que emitem um certo tipo de som, que têm pés que lhes permitem agarrar coisas e que os ajudam a se segurar em galhos das árvores onde pousam, que podem ser apreendidos pelos seres humanos e mantidos em gaiolas como animais de estimação, etc. Todos esses aspectos fazem parte do conceito [PÁSSARO]. Da mesma forma, e pelo mesmo processo, sabemos também que algumas entidades não são pássaros. Toda vez que usamos a palavra pássaro para fazer referência a dois animais diferentes (como um pardal e uma galinha, por exemplo), estamos fazendo um ato de categorização. Ou seja, estamos reconhecendo que esses dois animais diferentes têm características em comum a tal ponto que podem, ambos, ser enquadrados na categoria PÁSSARO.
Se aceitarmos essa noção de conceito, não vamos ter dificuldade para entender os conceitos de entidades abstratas, como [AMOR], [BONDADE], [INFÂNCIA], etc., nem conceitos expressos por verbos como ‘ser’, ‘estar’, ‘ter’, nem conceitos expressos por preposições, como ‘de’, ‘com’¸etc. Por menos concretos que esses conceitos possam ser, todo falante de português sabe bem a diferença que existe entre eles. Vamos tomar, como exemplo, as expressões em (6) e (7)