A competência tradutória é um conhecimento especializado, integrado por um conjunto de conhecimentos e habilidades, que identifica o tradutor e o distingue de outros falantes bilíngües não tradutores e que, “embora qualquer falante bilíngüe possua competência comunicativa nas línguas que domina, nem todo o bilíngüe possui competência tradutória”. Por isso convém dizer que, mesmo que uma pessoa seja proficiente em duas línguas, a competência em tradução pressupõe uma especialização por parte do indivíduo que compreende principalmente três aspectos: a construção da competência, o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem e a aquisição de atitude e de valores.
Numa perspectiva cognitivo-construtivista, Hurtado propõe um processo de formação de tradutores que abranja esses três aspectos e que remete a uma abordagem integralizadora da tradutologia, pois aglutina os enfoques textuais, cognitivos e comunicativo-socioculturais. Sua proposta se baseia em descrições empíricas do modelo PACTE, conduzido por pesquisadores da Universidade Autônoma de Barcelona e que realiza uma investigação empírico-experimental sobre a competência tradutória. Nesse modelo, diversas subcompetências interagem e se integram para formar a competência tradutória de um modo holístico. Os componentes psicofisiológicos que intervêm são: a) componentes cognitivos, tais como memória, percepção, atenção e emoção; b) aspectos de atitude, como curiosidade intelectual, perseverança, rigor, espírito crítico, conhecimento e confiança nas próprias capacidades, conhecimentos do limite de suas possibilidades, motivação, etc; c) habilidades, tais como a criatividade, raciocínio lógico, análise e síntese etc.