Vamos resumir essa discussão para tirarmos dela as conclusões pertinentes para o nosso estudo de morfologia: quando inventamos uma palavra, podemos de fato inventar a palavra do nada, simplesmente combinando sílabas possíveis na língua. Aqui, inventamos a palavra macomelo, mas nada nos impediria de usar nomes que já existem na língua; a nossa máquina de lavar salada poderia se chamar lavador de salada (como aspirador de pó), lava-salada (como lava-louças) ou ainda salavagem (o processo usado para formar chafé, que é o café bem fraquinho, mais parecido com chá). No entanto, uma vez que inventamos macomelo, o verbo referente ao evento de operação da máquina será macomelar. Claro, também podia ser irrefolar ou tovicelar, mas você já imaginou se para todas as palavras novas que inventássemos na língua, não houvesse nenhuma relação de forma entre as palavras que se relacionam semanticamente entre si nas diversas classes de palavras? Haja memória para decorar todas as palavras, né? O fato de haver processos morfológicos que manipulam a forma da palavra original – macomelo, macomelar, macomelador – e geram palavras de classes diferentes ou da mesma classe com significado diferente é uma grande economia para a memória do falante de qualquer língua, concorda? Estamos agora em condições de reavaliar o que "criação de palavras" quer dizer e como a morfologia intervém neste processo. Vamos precisar, no entanto, definir certos termos técnicos para abordar o problema da formação de palavras de uma maneira mais formalizada. Estamos escolhendo tratar a morfologia derivacional dentro do arcabouço teórico da gramática gerativa