O caso da sufixação é, a essas alturas do nosso estudo, um caso muito mais simples porque começamos a discussão na unidade passada exemplificando tanto a RAE quanto a RFP com casos de sufixação. Vimos também que a sufixação é derivação em especial por esta característica que os sufixos têm de mudar (em boa parte dos casos) a classe da palavra. É possível que a questão mais difícil seja a dahomonímia morfológica Vamos analisar um caso bem complicado, assim você vê a real dimensão do problema. Se tomarmos a gramática tradicional de Cunha & Cintra (2001:94), veremos que na apresentação que os autores fazem da sufixação, o critério parece ser apenas semântico (os autores dizem o que o sufixo significa) e não é claro que reconhecem a existência de homonínia aqui. Examine a apresentação do sufixo -ada transcrita em (8) Uma primeira observação que pode ser feita com respeito a esta lista é que a classificação sugerida talvez não seja capaz de, dado um caso novo, separar com clareza uma interpretação da outra. Quer ver? Vamos pegar garfada. Esta formação pode ter o sentido de “porção contida num objeto” numa frase como eu comi uma garfada da comida só para ser agradável. No entanto, numa frase como a Maria me deu uma garfada por baixo da mesa para eu ficar quieta, o sentido é de “ferimento ou golpe”, certo? Então classificar o sufixo só pelo sentido da palavra não é uma boa idéia...
(8) -ada: forma substantivos a partir de substantivos Sentido/ Exemplificação a. multidão, coleção/ boiada, papelada b. porção contida num objeto/ bocada, colherada c. marca feita com um instrumento/ penada, pincelada d. ferimento ou golpe/ dentada, facada e. produto alimentar, bebida/ bananada, laranjada f. ato ou movimento enérgico/ cartada, saraivada