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Morfologia
7.1 A derivação prefixal

Uma das dificuldades que a gramática tradicional enfrenta é fornecer uma boa definição para os prefixos. À parte o fato óbvio de que o prefixo precede a base, pouco se acrescenta: normalmente uma alusão vaga à sua descendência de preposições e advérbios introduz a longa lista de prefixos de origem latina e prefixos de origem grega.
Essa vagueza na definição permite que se classifique como prefixos elementos de tipos muito diferentes. Mesmo autores modernos têm dificuldade na sua definição; em Rocha (1999:152), temos vários traços definitórios para serem usados ao mesmo tempo: o prefixo está à esquerda da base, não pode ser ele mesmo uma base N, V ou A, deve ser recorrente, ter identidade fonética, semântica e funcional e ser morfema preso.
Vamos nos inspirar nestes critérios para isolar uma pequena classe de elementos constituída apenas de formas presas recorrentes que não tenham uma forma livre como alomorfe, o que é o caso de des- em descobrir mas não o de com- em compor As formas presas que nos interessam se afixam sempre à esquerda de bases que são formas livres na língua, como re- em reconquistar mas não re- em replicar. Finalmente, essas formas presas conservam sistematicamente seu significado, que no caso de re-, por exemplo, é o de repetição (imediatamente identificável em reconquistar mas apenas muito longinquamente visível em replicar). É aos elementos com estas características que chamaremos prefixos e é a eles que se aplica a discussão que se segue.