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Morfologia
É importante notar que, em latim, a forma morfológica do superlativo também podia ser usada para expressar a intensificação de uma qualidade: homo felicissimus podia significar simplesmente "homem muito feliz", mas esse uso não estava dentro do sistema comparativo. O paradigma comparativo se perdeu na passagem do latim ao português; esse uso suplementar foi o único que sobreviveu e, por conta dele, os gramáticos portugueses supuseram que também nesta língua os diversos graus comparativos são um tipo de flexão.
Aliás, as GTs do português admitem que a expressão do superlativo absoluto tem duas formas distintas: a forma sintética (isto é, a forma morfológica), que faz uso dos morfemas -íssimo, -érrimo ou –ílimo; e a forma analítica (a forma vernácula, pois utiliza a sintaxe), que se faz com um advérbio de intensidade como muito ou imensamente; assim, ao lado de facílimo existe muito fácil, sem diferença de significado. E a escolha é uma questão de estilo pessoal, pois não existe nenhum contexto sintático ou discursivo que obrigue o uso de uma das formas.
Portanto, sobre a obrigatoriedade do grau temos a dizer que a expressão morfológica do alto grau de uma qualidade é completamente opcional para o falante de português, e por isso não se pode dizer que a expressão de grau no adjetivo, com base no critério da obrigatoriedade, seja um processo flexional.