3. A existência do fenômeno de concordância: para podermos examinar se a expressão do grau no adjetivo desencadeia concordância em outros elementos que estejam participando do mesmo sintagma nominal do adjetivo, é preciso definir antes de mais nada o que seria grau para o substantivo ou para outros elementos como artigos, pronomes possessivos, etc. Note que, como caso geral, é o núcleo do sintagma nominal que determina a forma dos outros elementos e que o adjetivo nunca é núcleo da construção nominal, salvo quando atua como substantivo, caso em que não pode estar no superlativo absoluto sintético, porque pode-se dizer o brasileiro que morava em Chicago mas não *o brasileiríssimo que morava em Chicago. A segunda observação é que artigos (como o ou uma), pronomes possessivos (como meu ou deles), pronomes demonstrativos (como este ou aquelas) e pronomes indefinidos (como alguns ou nenhuma) não podem expressar grau. A única outra categoria nominal que pode expressar algo semanticamente semelhante ao grau é o substantivo, nas formações de aumentativo (cachorro/cachorrão) e diminutivo (casa/casinha). Porém, a GT considera que estes são casos de derivação, não flexão, exatamente porque, embora as formas morfológicas sejam regulares, o uso delas não é obrigatório e elas jamais desencadeiam concordância, como mostra (24) ..
(24) a. Eu tenho um cachorrão inteligentíssimo b. Eu tenho um cachorro grande muito inteligente c. Eu tenho um cachorro grande inteligentíssmo d. Eu tenho um cachorrão muito inteligente