Para tornar a discussão mais concreta, vamos examinar um exemplo de cada um dos processos – em (1a) temos um exemplo de flexão e em (1b) temos um exemplo de derivação Qual é a razão para distinguir esses dois tipos de sufixos e dizer que cada um deles corresponde a um processo distinto na língua? Camara Jr. (1970:81) argumenta, seguindo os passos de Varrão, que a derivação – derivatio voluntaris – tem um "caráter fortuito e desconexo", isto é, as palavras derivadas "não obedecem a uma pauta sistemática e obrigatória para toda uma classe homogênea do léxico". E o que isso quer dizer? Isto quer dizer que um morfema derivacional como -eiro, apresentado no exemplo (1b) com o significado de "planta que dá o fruto designado pela palavra-base", não se aplica sistematicamente a todos os substantivos da língua, e nem mesmo a um subconjunto definido de substantivos, ao contrário do morfema de plural -s, que se aplica a todos os substantivos (com algumas exceções previsíveis que vamos examinar já).