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Morfologia
No entanto, pode fazer diferença dizer uma coisa ou outra em casos como o da nossa palavrona lá em cima, ou de palavras formadas por mais de um morfema de uma maneira geral. Sabe por quê? Porque se a gente estivesse simplesmente juntando morfema com morfema, a gente esperaria poder juntar um monte de coisa que efetivamente a gente não pode. Quer um exemplo? Todos nós conhecemos a palavra incontestável, não é verdade?. Vamos colocar as duas possibilidades de formação desta palavra em (25a) e (25b)
Em (25a) estamos simplesmente juntando morfemas: in- + contesta(r) + -vel. Por outro lado, em (25b) primeiro combinamos a palavra contestar com o morfema -vel (quando o -r do infinitivo é apagado) e depois combinamos a palavra contestável com o morfema in-. Se estivéssemos simplesmente juntando morfemas como em (25a), seria difícil explicar por que não existe a palavra de (25c), *incontestar. Não há modo de formular essa impossibilidade se a formação das palavras é feita com base na junção irrestrita de morfemas, como em (25a).
É por isso que uma boa parte dos morfólogos prefere dizer que o nosso léxico mental se compõe de palavras e de morfemas; quando vamos fazer formas complexas morfologicamente, são escolhidas palavras de uma certa classe para se unir a este ou aquele morfemas específico. Observe o que acontece em (25b): primeiro juntamos o verbo contestar com o morfema -vel (tem que ajustar um pouquinho o verbo: ele perde o -r do infinitivo), formando o adjetivo contestável e só depois juntamos o morfema in- a este adjetivo, formando incontestável.