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Leitura e Produção deTextos
Essas diferentes expectativas se revelam quando ampliamos as frases (4) e (5) nas frases (6) e (7) abaixo:
(6) João jogou a bola para o menino, mas a bola acabou batendo em cheio na cabeça dele.
(7) João jogou a bola sobre o menino e a bola acabou batendo em cheio na cabeça dele.

O conectivo “mas”, no exemplo (6), mostra que a frase “a bola acabou batendo em cheio na cabeça dele” não era esperada. O que esperávamos era que o menino recebesse a bola de João. Já o conectivo “e”, no exemplo (7), mostra que a frase “a bola acabou batendo em cheio na cabeça dele” era sim esperada. A expectativa era a de que a bola jogada simplesmente iria cair “sobre” o menino.Assim, podemos dizer que as frases (4) e (5) tratam dos mesmos conceitos, isto é, do mesmo evento (jogar) e dos mesmos referentes (João, bola, menino), mas as relações entre essas informações centrais são diferentes porque a preposição empregada em cada frase é diferente. No exemplo (4), a relação entre “jogar” e “menino” é de direcionalidade, que sugere um ponto de partida (saída das mãos do João) e um ponto de chegada (recepção da bola pelo menino). Já no exemplo (5), a relação entre “jogar” e “menino” dá destaque apenas à localização em que a bola foi jogada, tornando menos esperado o fato de alguém estar nesse local voltado para recebê-la.

As preposições são, portanto, um recurso de coesão do texto, pois estabelecem relações explícitas entre os elementos do texto em seu nível superficial, ou melhor, no nível formal, dando um sentido uno e específico para a seqüência lingüística onde aparecem.